quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Rolê paraguaio, parte I: Ideias e planos

Ponte da Amizade


Vou contar essa história, da minha viagem ao Paraguai, em uma série de três posts, acredito eu. Talvez seja necessário mais um.

Divirtam-se.

Há uns dois meses, estávamos prestes a entrar no segundo bimestre da faculdade e receber mais setecentos e dezenove pedidos de trabalhos pra fazer. Em um deles, nosso professor de Comunicação Comparada, Luís Mauro, nos pediu o seguinte: nós devíamos contar uma história. Como jornalistas, deveríamos conversar com algumas pessoas e ampliar o nosso tema no trabalho. Ele citou como exemplo um trabalho em que algumas garotas foram às ruas e conviveram com catadores de papelão.

Sem limite de páginas, sem limite de pessoas por grupo, nós deveríamos usar o bom senso. Logo fechamos o nosso grupo, o de sempre: eu, Vinícius e Victor. Já durante a aula, comecei a pensar em alguma coisa, mas não consegui encontrar nada interessante. Perguntei ao Vinícius - que, a partir daqui, vou chamar de Blanka, afinal esse é o verdadeiro nome dele desde que entrou na faculdade – se ele tinha pensado em algo.

Blanka anotando sua ideia para o trabalho de Comunicação Comparada

- Até pensei, mas vamos ter que sair do país.

Eu ri. Sair do país pra fazer um trabalho de faculdade? Falô.

- E sobre o que seria?

- Sobre os sacoleiros que vão fazer compras no Paraguai e vêm vender aqui.

Eu não levei a sério. O tema era até interessante, mas a gente gastaria um bom dinheiro com passagens, fora as muambas que nós obviamente compraríamos lá.

No laboratório de redação, depois da aula, perguntamos pro Victor se ele tinha pensado em algum tema. Não tinha. Contamos pra ele a ideia absurda de ir pro Paraguai, que, acredito eu, nem o próprio Blanka tinha levado a sério.

- Ô, legal. Vamo aê. – ele disse, meio rindo.

- É, até parece. – eu respondi, achando que era brincadeira.

- Não, falando sério, vamo.

Não acreditei. Será que só eu era normal ali e achava aquilo uma viagem? Não, eu também não era. Porque de repente comecei a considerar a ideia, e, quando eu percebi, já estava visitando o sacoleiros.com, procurando horários e preços de ônibus. Percebi que aquele realmente seria o nosso tema. Eu ainda custava um pouco a acreditar que eu estava dentro daquela loucura. Mas, algum tempo depois, começamos a agir para planejar a viagem.

O preço das passagens de ônibus seria a primeira facada no peito. Isso se nós fôssemos viajar nos ônibus de linha que saem do terminal Tietê. Mas, além de ser muito caro, não teria emoção. Então, durante nossas pesquisas, descobrimos que, perto da rua 25 de março, na esquina da Senador Queirós com a Barão de Duprat, os sacoleiros se reuniam para viajar em ônibus irregulares até Foz do Iguaçu. Mas não sabíamos o preço, nem a frequência com que os ônibus saíam. O Blanka foi até lá, onde foi orientado a falar com uma moça na padaria da esquina. A tal moça, Laís, disse que os ônibus saíam duas vezes por semana: às terças-feiras, e voltavam no dia seguinte; e às sextas-feiras, voltando apenas na segunda-feira. Pela metade do preço dos ônibus regulares.

Como queríamos ir num dia e voltar no outro, optamos por uma terça-feira. E, depois de muita conversinha, o Victor desistiu, por motivos financeiros. Mas eu e o Blanka insistimos e confirmamos a viagem. Falaríamos com algum sacoleiro na ida, procuraríamos alguém em Foz do Iguaçu, e teríamos material para o trabalho.

Até que o dia chegou. 1º de junho de 2010, terça-feira. Nós iríamos para o Paraguai.

Continua...
Parte II 
Parte III 
Parte IV 

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