sábado, 20 de outubro de 2012

O gol de placa de "Avenida Brasil"

Mesmo quem não é fã de novelas ou abomina quem gosta delas sabe que ontem foi ao ar o último capítulo de "Avenida Brasil". E sabe também que esse foi um dos maiores sucessos de audiência da história da televisão brasileira, com direito a repercussão em outros países, onde certamente será transmitida em breve.

A última "congelada"

Eu não sou de assistir muitas novelas. O problema é quando eu resolvo assistir, porque a partir do momento em que decido acompanhar, não perco mais nada. Fora algumas temporadas de "Malhação" (quando era legal), só acompanhei de verdade "O Profeta" (2006) e "A Favorita" (2008), que foi escrita pelo mesmo autor de "Avenida Brasil", João Emanuel Carneiro. Em ambas as oportunidades, ele teve como principal acerto a escolha do elenco, inclusive com alguns atores em comum (Murilo Benício, Cauã Reymond, Paula Burlamaqui e Cláudia Missura) e, principalmente, com as inspiradas Patrícia Pillar (sdds Flora) e Adriana Esteves.



Dessa vez, além de Adriana, que conquistou o público com a espetacular Carminha, a presença de veteranos brilhantes como Marcos Caruso, Vera Holtz, Eliane Giardini, José de Abreu e Juca de Oliveira ajudou muito a elevar o nível da novela. E até mesmo alguns que não contam com tanta aprovação entre os mais críticos tiveram seus momentos de destaque. Como Murilo Benício, diversas vezes acusado de ter tanta expressão facial quanto uma porta, mas que criou um Tufão incrível e capaz de protagonizar cenas emocionantes. De quebra, vimos surgir muitos novos e bons atores, sendo Mel Maia (a pequena Rita) a principal revelação, na minha opinão.

É claro que, como toda obra de ficção, "Avenida Brasil" não está livre de críticas. Eu mesmo critiquei a Nina saindo com uma herança milionária de um banco, ou o fato de ela não guardar fotos em um pen drive, ou o encontro dela com o sequestrador num posto de gasolina em uma cidade distante, entre outros absurdos. Mas acredito que tudo isso (incluindo os momentos "arrastados" pelos quais a trama passou) pode ser explicado pela duração desnecessariamente longa das telenovelas. Tenho certeza de que, se dependesse dele, João Emanuel faria um roteiro muito mais ágil e realista do que o que teve de fazer por conta do cronograma.

Quem nunca sacou 1 milhão de reais no banco e saiu na rua, não é mesmo?
Imagino que, pra quem não goste de novela, os últimos meses tenham sido de sofrimento. Não deve ser fácil ouvir falar da mesma coisa por tanto tempo sem saber do que se trata e sem querer saber do que se trata. Mas não, a novela não é culpada dos problemas do Brasil, como tantas vezes li. E o brasileiro, como qualquer outra pessoa do mundo, tem liberdade para assistir o que quiser e comentar sobre o que bem entender. Com futebol é a mesma coisa. E quem não gosta de futebol ou de novela com certeza comenta sobre outros assuntos que não contam com a atenção dos torcedores e dos telespectadores. Cada um é de um jeito desde que o mundo é mundo e assim sempre seguimos em frente, mesmo que reclamando uns dos outros.

E imagino que pra quem, assim como eu, acompanhou "Avenida Brasil", seja de ponta a ponta, a maior parte, ou até mesmo apenas o fim, a saudade já esteja batendo. Vai fazer falta, e será difícil outra novela conseguir atingir tanto sucesso tão cedo. Felizmente para uns e infelizmente para outros, terminou. E não poderia ter um desfecho mais justo: com um gol decisivo que pode até não ter sido um golaço, mas que valeu como um verdadeiro gol de placa para os assíduos telespectadores.