domingo, 26 de junho de 2011

Passatempo

Há pouco tempo atrás fiz aniversário. Eu me pergunto: o que eu senti? Me senti mais velho. Sabe, aquela pergunta de todo ano, que os outros fazem: "e ae, comé que ce tá se sentindo mais velho?"? Foi isso, dessa vez de mim pra mim mesmo. "Mais velho".


Mas nesse aniversário eu me senti particularmente "mais velho". Cada vez mais eu percebo o quanto é difícil ter de dizer adeus pra certas coisas. E percebo que eu sou mais nostálgico do que eu pensava. Me imagino chegando aos 105 anos no sofá de casa, sentindo saudades da infância, da adolescência, ou mesmo dos meus 99 anos.

Muitos dos meus posts mostram esse meu lado nostálgico. E vão continuar mostrando. Seja pra falar da infância, seja pra falar de poucos meses ou anos atrás. Nessa fase, de um ou dois meses pra cá, em que eu confesso que não sabia o que postar (e continuo sem saber), reli alguns posts, parei para ver meu jeito de escrever e de ser. Concluí que eu sou ao mesmo tempo um velhinho e uma criança unidos no corpo de um jovem de dezenove anos. Não apenas pelos posts, mas pelo que eles me fizeram pensar.

Como uma criança curiosa, eu me pergunto: isso é bom? Como um velho chato, eu vejo duas respostas pra isso: sim e não.

Sim, porque, como um velho - chato ou não - eu me sinto maduro em certas ocasiões que outras pessoas até mais velhas não costumam ser, e, ao mesmo tempo, sou uma criança que não quer crescer, mesmo crescida.

Não, porque, como um velho ou uma criança, eu talvez não seja o que deveria ser: alguém com dezenove anos.

É aquela velha história clichê de ter que aprender a viver o presente. Muitas vezes penso demais no passado, imagino demais o futuro, e o meu presente é vivido à base de lembranças ou planos. Acabo me preocupando com o que aconteceu ou com o que pode ou vai acontecer sem valorizar o momento.
Mas posso dizer que não vou mudar tão cedo, e nem pretendo. Não quero deixar morrer esse velho nostálgico nem essa criança inocente que fazem parte de mim. Porque são isso mesmo: parte de mim. E, sendo parte de mim, que continuem a me acompanhar. E que, assim, a vida continue.

**sobe som de "Deixa a vida me levar" - Zeca Pagodinho** (ou não, né)