terça-feira, 19 de outubro de 2010

Criticando o "sistema"

Qualquer coisa que eu falar sobre "Tropa de Elite 2" vai parecer insuficiente pra mim. Primeiro porque esqueço muito fácil de detalhes, e depois porque acredito ter visto, enfim, um grande filme brasileiro que merece ser prestigiado nos cinemas. Não é à toa que as filas permanecem enormes há mais de uma semana.


A história não começa pelo começo, e sim pelo fim. Nascimento, agora não mais Capitão, sai com seu carro de um hospital e é surpreendido por uma emboscada. A cena é paralisada, e Wagner Moura, aí sim, começa a narrar com competência o que aconteceu desde que Mathias deu fim ao Baiano, na cena final do primeiro filme. É ele o responsável por criticar o "sistema", principal alvo do filme. E Wagner Moura, um dos melhores atores brasileiros na atualidade, dispensa comentários.

Nascimento saiu do comando do Bope após uma rebelião em Bangu, comandada por um preso vivido por Seu Jorge, e terminou como subsecretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Nessa nova posição, ele ajuda o Bope a crescer ainda mais, agredindo o tráfico de drogas. Mas, ao mesmo tempo, ele não percebe que alimenta um outro inimigo (e, sim, daí surge o subtítulo do filme: "O inimigo agora é outro"): os corruptos. A corja é grande e envolve tanto policiais quanto políticos.


Mathias, muito bem interpretado por André Ramiro, permanece no Batalhão, e percebe antes de Nascimento o que realmente acontece debaixo de seu nariz: as "milícias" abusam da corrupção nas favelas cariocas e servem como cabos eleitorais, porque ajudam a combater o tráfico e ganham, dessa forma, a aprovação do governo e os votos populares nas eleições seguintes. É aqui que aparecem o governador, o deputado Guaracy, o Major Rocha (Sandro Rocha) e o deputado Fortunato (André Mattos). Vale elogiar a atuação dos dois últimos, brilhantes em seus papéis.


Não vou além na história porque prefiro que cada um assista e interprete da sua forma. O deputado Fraga, por exemplo, é um personagem polêmico. Na minha opinião, ele muda muito ao longo do filme. No início, ele não é tratado como o "herói" do fim. Mas imagino que muita gente compre a lembrança mais fresca e concorde com suas atitudes. E, pra mim, aqui está o melhor ator do filme: Irandhir Santos.

Se a atmosfera do filme é pesada, Milhem Cortaz é responsável por atenuá-la, voltando como o engraçado Tenente Fábio, um verdadeiro gerador de bordões. Faz a alegria dos pré-adolescentes mentais que amam s2s2 Tropa de Elite e aguardavam ansiosamente por novas frases para repetirem sem parar. E já que eu estou avaliando atuações, ele é mais um que foi bem.


Além de todos que já citei, há ainda a muito boa atriz atuação da atriz Tainá Müller (que a reforma ortográfica não atacou), que interpreta uma jornalista muito corajosa - até demais. Um elenco não tão conhecido, mas, no fim das contas, muito bem escolhido por José Padilha, que acertou a mão mais uma vez, pra mim até mais do que no primeiro filme.

De negativo, pra mim, fica o excesso de palavrões. Todo mundo já cansou de saber que filme brasileiro tem palavrão pra caralho, porra. Nem me importo com isso, falo palavrão pra cacete, mas não precisa exagerar nessa merda. "Porra" não é ponto final.

Enfim, "Tropa de Elite 2" é, sim, uma prova da evolução do cinema nacional, em todos os aspectos. Se você não viu ainda, vá entrar na fila.

2 comentários:

  1. Boa marquinhos, ainda ñ vi o filme, mas no que diz respeito ao avanço do cinema nacional estou contigo 100%

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  2. O problema do cinema nacional é que eles sempre fazem um roteiro sobre alguma ocasião histórica, biografia, continuação cinematográfica de alguma série ou remake de algum livro. O Wagner Moura e Selton Mello são um dos poucos que entram em trabalhos com estórias próprias para filmes, o que, na minha opinião, falta no cinema nacional ainda...

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