domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre Coldplay, Mylo e Xyloto

Nunca fui de gostar muito de bandas. Sempre me considerei eclético, podendo gostar de uma música independente do estilo dela ou da banda que a toque. E é delas, das músicas, que eu costumo gostar. Não vou dizer pra vocês que eu conheço Beatles, por exemplo, pra pegar uma banda que praticamente todo mundo gosta. Eu conheço "Yellow Submarine", "Help", "Yesterday", e provavelmente dezenas de outras que só vou saber ouvindo, nem sei o nome. É por isso também que eu não costumo ir em shows. Conheço pouco de discografias, de álbuns, não sei se por preguiça, impaciência ou falta de interesse.


Mas isso tudo tem uma exceção (talvez duas, mas o post é sobre uma). Desde 2005, eu passei a ter uma banda pra chamar de favorita. E mesmo assim, não me considero um conhecedor da discografia. Coldplay, na época, bombava com o álbum X&Y. E eu nem sonhava em saber disso. Conhecia algumas músicas, ouvia, e ficava feliz, sem saber de qual álbum faziam parte, e nem me importando em descobrir. Isso mudou um pouco em 2008, quando foi lançado o Viva la Vida ou, pra ser chato, Viva la Vida or Death and All His Friends. Nessa época, ouvi o CD algumas vezes, geralmente antes de dormir - sem piadas.

Outra coisa que costuma acontecer é que acabo "esquecendo" a banda por um tempo, e depois de um longo inverno volto a ouvir. Com séries também foi assim. Eram uns 3 meses sem assistir um episódio, e 1 mês assistindo quase sem parar. Enfim, fiquei um tempo razoável escutando Coldplay bem de vez em quando, até o show no Morumbi, em março do ano passado. Confesso que fui sem saber identificar uma ou outra música do álbum novo, tipo "Lost" (que agora é uma das minhas preferidas). Mas, apesar de ter sido um fã relapso, sempre que alguém me perguntava qual era minha banda preferida, desde 2005, eu sempre respondia Coldplay.


No mês passado, depois do show épico do Rock in Rio, a banda lançou outro álbum: Mylo Xyloto. Nome estranho, mas ok. Descobri, lendo no orkut por aí, que há uma história por trás dele, assim como no Viva la Vida. É o tal do álbum conceitual, que outras bandas já adotaram, como ~~a partir daqui, créditos ao amigo e fonte para assuntos musicais, Victor~~ os próprios Beatles (Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band), The Who (The Who Sell Out), Pink Floyd (The Wall e The Final Cut), e outros ~~fim dos créditos do amigo Victor~~. Em Viva la Vida, resumidamente, o Coldplay tenta contar uma história de um homem que, em meio à guerra, quase morre, enfrenta a prisão, foge, leva o amor de sua vida para um local distante, sofre com sua morte e, por fim, se entrega à guerra, tendo o mesmo fim. Ok, eu confesso, li uma análise no orkut e realmente as coisas se encaixam.

Agora, três anos depois, Mylo Xyloto conta uma história de amor. Já que eu confessei, vou continuar: segundo outra análise lida no orkut, Mylo e Xyloto são um casal apaixonado (provavelmente grafiteiros) que enfrenta dificuldades para se manter unido, sendo perseguido por um grupo. Eles até chegam a fugir, mas Xyloto é capturada, deixando Mylo sozinho. Quando os dois se encontram, Xyloto está magoada por ele tê-la deixado ser capturada, e eles brigam e acabam terminando tudo. Mylo, depois da depressão, tenta se reerguer e pedir perdão à amada, que, por fim, se junta a ele onde os pássaros cantam e existe um final feliz.

Alguns fãs do Coldplay parecem não ter gostado muito do álbum. "Mudaram o estilo", "Coldplay não é mais o mesmo", "Coldplay acabou", "A banda perdeu a identidade"... vi muito disso por aí. Na minha opinião, Coldplay nunca teve um estilo muito definido, sempre foi aquilo que seus integrantes quiseram que ela fosse. Eu, particularmente, não consigo não gostar. Sou suspeito pra falar, porque se um dia o Chris Martin bater com as mãos espalmadas no piano e cantar "lalalala ôôôô yeee", pode ser que eu não veja defeito nenhum na música. Mas ultimamente, Mylo Xyloto é só o que eu tenho escutado. Não, não é melhor que os anteriores. Talvez seja, sim, o pior disco do Coldplay, mas o nível dos outros é espetacular pra chamá-lo de pior. É sensacional, e não me façam buscar adjetivos pros outros.

Minha única crítica quanto a esse CD é a duração. São 14 faixas, que na verdade são 11, já que são três de "interlúdio", como se fossem intervalos entre músicas ou simplesmente introduções das posteriores. A primeira, homônima do álbum ("Mylo Xyloto"), por exemplo, é praticamente parte integrante de "Hurts Like Heaven", que vem a seguir, toda animada. "Paradise" não perde o tom, já ganhou o gosto popular, e inclusive tem um clipe muito bem feito:





"Charlie Brown" é, pra mim, a melhor música do álbum. Dizem que é uma homenagem ao desenho. "Us Against the World" é um pouco triste, mas tem uma letra pegajosa, daquelas que não saem da cabeça. Depois de mais um interlúdio, "M.M.I.X" (vejam que ela depende da próxima), vem "Every Teardrop Is a Waterfall", outra que tem feito sucesso, talvez por seu ritmo um pouco mais acelerado. Foi inclusive o primeiro clipe do Mylo Xyloto a ser lançado.


"Major Minus" tem um ritmo diferente também, representa na história o momento em que a Xyloto é capturada/levada/estuprada. "U.F.O.", só com voz e violão, é a solidão de Mylo depois disso, e o único problema é (de novo) a duração. Só 2 minutos de uma música incrível, e tão simples. E aí vem a tão criticada música, talvez o que tenha motivado certos fãs a receberem o álbum com pauladas: "Princess of China", com participação de Rihanna (a intérprete de Xyloto, na história). Bom, ela não fez nada pra mim, não tenho nada contra ela, nem a favor. Ouso dizer que grande parte dos críticos do CD e da música já estavam com pedras (e tijolos) nas mãos antes mesmo de apertar o play. Puro preconceito de quinta série, partiram do pressuposto de que uma parceria dessas não poderia dar certo de jeito nenhum. Na minha opinião, deu certo sim. Pode não ser um primor, mas não é nem de longe a catástrofe que tentaram pintar.
 
"Up in Flames" é depressão pura, serve sim pra dar uma certa razão pra quem rotula o Coldplay como banda-sonífero. Mas faz parte da história, e vocês já sabem que eu gostei mesmo assim. Em seguida, vem o último interlúdio e uma última esperança de Mylo em pedir o perdão de Xyloto: "A Hopeful Transmission"/"Don't Let It Break Your Heart". E, com um final feliz, "Up With The Birds" encerra o disco com chave de ouro. 

Resumindo, achei ótimo. Porque, como eu disse, eu dificilmente não vou gostar de algo que o Coldplay fizer, e esse álbum é o que eu tenho escutado ultimamente. Indo pra faculdade, voltando pra casa, viajando, dormindo, coloco pra tocar. Quem gosta de Coldplay, e sempre gostou, pode até não ir tanto com a cara desse disco, mas não pode exigir que a banda "volte a ser aquilo que era" ou que "acabe de uma vez antes que piore". Se mudaram ou não, eles estão, sim, no caminho certo. E é certo porque foi o que eles escolheram fazer. Assim, não tem erro.

2 comentários:

  1. AHHAHAHAHAHAHAHAH. E A VONTADE DE MARCAR 'TEXTO RUIM'?
    Partindo pro meu comentário, agora sério. Sou o contrário. Conheço milhões de bandas, discos, músicas, sei até a cor da cueca que os caras preferem. E Coldplay sempre foi uma das minhas preferidas. São os únicos de quem eu tenho a discografia completa. Ultimamente to partindo prumas coisas mais estranhas, que tem "&" no nome. Mas, mesmo assim, sempre que tem álbum novo, estou de volta. E eu NUNCA me decepciono. Tá, Viva La Vida não é meu preferido, mas como vc diz, está longe de ser uma decepção. O Coldplay pode ter adotado uma identidade diferente nesse álbum, mas nem por isso tem que ser ruim. E eles não chegaram de repente com isso, essa coisa feliz já veio de Viva La Vida. Eu acho muito positivo quando uma banda se reinventa. Concordo com vc, acho que as pessoas já receberam com 7 pedras na mão. Não sabia da história de amor por trás do álbum, só me faz gostar mais ainda. Charlie Brown também é uma das minhas preferidas, mas estou apaixonada por Paradise. Pra mim, é a melhor do cd. Eu adoro Princess of China, acho que a Rihanna tem uma puta voz. E, pra quem não sabe, o Chris sempre foi assim, ele dá espaço pros artistas e gosta de parcerias. Num documentário do Coldplay, ele canta com o vocalista do Take That, isso numa época em que os caras nem existem mais. E ainda chama pra cantar no palco, com ele e com o Bono. Eu acho isso muito bonito, mas do que sei eu? Meu texto é ruim. Hhahahah.
    De qualquer forma, parabéns pelo texto, Evo. Só escreveu verdade aí e haters gonna hate, como sempre.
    (desculpa pelo comentário imenso)

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  2. desde que o álbum foi lançado e se tornou a trilha sonora do meu dia a dia, pq assim como você, eu também não parei de escutar até agora, eu estava esperando por um review como o teu... ainda bem que finalmente eu encontrei!!! parabéns pelo texto!!
    eu acho que o que o Coldplay fez, de tentar se reinventar, é o q toda a banda deveria fazer, e pra mim o resultado não podia ser melhor. Eu arrisco dizer que esse é o melhor álbum deles, apesar de tantas músicas de outros discos que eu prefiro, porque, em termos de unidade, esse álbum é uma obra-prima! Tem uma história original, ótimas músicas, Charlie Brown talvez seja a melhor, mas eu também adoro Hurts Like Heaven, Major Minus, Princess of China, além de Paradise, claro. O que me chamou a atenção e o que me fez considerar Mylo Xyloto o melhor álbum é o fato de que é um álbum para ser ouvido do início ao fim, como um filme, por isso a duração é adequada. Na maior parte do tempo que eu ouço o álbum eu estou ouvindo na ordem, e não pelas músicas somente. Eu descreveria a experiência de ouvir o álbum como uma viagem, por isso eu me apaixonei tanto. Quanto aos haters, nem vou comentar, não sabem o q estão perdendo....
    finalmente, eu só queria muito parabenizar pelo post, era o q eu estava precisando hehe :D

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