sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dizem que somos piratas. Somos?

Você já baixou, uma vez que fosse, alguma música, algum filme, algum episódio de seriado? Se sim, você pode ser preso. Falando sério, de acordo com a legislação brasileira, se já fez isso, você pode passar umas primaveras no xilindró.

Falo isso porque li uma notícia muito interessante, dizendo que um casal que mantinha um site muito grande de downloads foi preso em flagrante. Ok, eles lucravam com o site. Aí eu concordo com a lei, acho errado obter lucro explorando um conteúdo. Veja bem, obter lucro. A lei não é essa. Segundo ela, isso não faz diferença. Mas é óbvio que faz, e muita.

Hoje, tudo se resume a dinheiro. Esse é o primeiro e grande problema. Não condeno o fulano ou o zezinho, que cantam maravilhosamente bem, e querem vender a música deles. Condeno o ponto a que eles chegaram de terem que bater o pé pra ganhar dinheiro com aquilo. Quem tem talento não reclama, apenas vende. Quem é fã, quem admira um trabalho, guarda dinheiro e compra o produto. Os artistas ainda estão longe de vender pouco.

A APCM foi criada em 2007, e realiza um combate eficiente quanto à pirataria. Mas o que é pirataria? É um produto copiado de forma ilegal, geralmente um CD, com filme ou músicas, que é vendido por aí. Eles ampliaram os conceitos, abriram novos horizontes, invadiram a sua casa. Fiquei assustado com a dimensão que eles dão para um arquivo idiota que você baixa. É ridículo. O Senado ainda faz questão de comprar a briga da APCM, e inventa leis para complicar essas coisas. Tudo o que mais importa no país fica em segundo plano. Educação, saúde, segurança? Quem quer saber disso? Vamos ver quem está baixando o Rebolation em casa e mandar pra cadeia!

APCM ensina no site dela como identificar um CD pirata. Aposto que você não saberia!
PS: Baixei essa imagem do site da APCM. Serei preso?

Se eles realmente querem que a população se conscientize disso, não é mais fácil começar a se preocupar com os preços desses produtos? É um absurdo, não é qualquer um que pode pagar trinta reais num CD. E se um compra, ele pode compartilhar. Volto a dizer, quem aprecia o artista pode até baixar, mas vai adquirir o CD. E acredito que é por isso que ele merece receber. Afinal, é fácil, depois de emplacar um sucesso, meter mais dez músicas desconhecidas num CD e querer vender pra quem só quer ouvir uma.

Quanto aos filmes, penso parecido. É muito caro pagar quarenta reais num DVD que você vai assistir poucas vezes, talvez apenas uma. É ingenuidade da APCM acreditar que todo mundo vai querer cumprir a lei à risca e não baixar. Assim como quem compra CDs, muitos fãs de seriados compram os boxes. Mas muitos outros não têm condições, e a internet é uma alternativa. A "difícil" tarefa da APCM é manter os produtos - que são, sim, vendidos - no mercado, e liberar o acesso aos arquivos compartilhados.

Por fim, quero dizer que eu estou apenas questionando a lei e as atitudes da APCM. Pra mim, existe um ponto - quando são vendidos - em que músicas, filmes, seriados e livros passam a ser públicos. Quem merece ganhar dinheiro, ganha. Os músicos fazem shows, cobram caro por isso e ainda vendem CDs; as produtoras de filmes gastam uma fortuna, mas recebem outra e pagam os atores com outras, com o dinheiro do público que vai aos cinemas, paga caro, e ainda compra DVDs; as emissoras compram os seriados, e os fãs, que nunca são poucos, compram os boxes de DVDs. Não há motivo, portanto, na minha opinião, para a APCM e o governo impedirem o livre acesso a essas mídias. É só isso o que eu não entendo: por que não um pouco mais de bom senso e um pouco menos de amor ao dinheiro?

PS: Agora há pouco, eu descobri que, no Congresso, está em trâmite um projeto de lei para regular a atividade dos blogueiros, que teriam de moderar os comentários e seriam responsáveis pelo conteúdo dos comentários anônimos. Além disso, seria exigido um cadastro no Registro.br, informando nome, RG e CPF. A autoria do projeto é do deputado federal Gerson Peres (PP-PA), que foi atacado por um anônimo num blog. A censura está chegando à internet.

7 comentários:

  1. Eu ia fazer uma piadinha que você pode ficar tranquilo com isso de xilindró por causa da idade MAS esqueci que você já fez 18 aninhos, droga!
    Poxa baixei o Rebolation, vou ser presa? E agora José?

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  2. marcao e seu espirito critico ... hahaha
    gostei do artigo! xilindro se foi busca no dicionario neh ? uahehe

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  3. Tenho 3213 músicas baixadas no meu computador, todas ilegalmente. Estou esperando a APCM bater aqui em casa.

    E, como você disse, não parei de comprar CDs, DVDs e boxes de seriados que merecem ir para a coleção. Agora, não vou comprar um CD inteiro do Parangolé para ter Rebolation no computador. E, não vou pagar R$2 por uma música com limite de cópias (DRM).

    Sou a favor de uma mensalidade. Do tipo, R$30 e baixe música à vontade. Acho que esse é o futuro da nossa economia. As locadoras já perceberam isso (NetMovies), só falta a indústria fonográfica entrar na dança.

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  4. Ridiculo quererem proibir a gente de baixar qualquer coisa. Arctic Monkeys por exemplo divulgou o primeiro CD deles no MySpace, fizeram vários shows pra depooooois serem contratados por uma gravadora...artista musical hoje em dia lucra com show e nao tanto com CD ou DVD.
    Bom post e seu blog ta muito joia rapaz!!!

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  5. por mais chato que isso seja é o correto. a produtora de uma série teve o trabalho de produzir e merece receber por quem quer assistir. nao adianta justificar que ALGUNS compram os boxes. agora deixar a segurança, eduação e outros assuntos mais importantes de lado só para dizer que estam cumprindo a lei é errado. MUITO errado.

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  6. Leonardo (segundo seu perfil), continuo discordando de você no que diz respeito aos boxes. Só me responda uma coisa: se eu quero assistir a uma série que não passa mais na TV e não saiu em DVD, o que eu faço? Nada, né? Não tem o que fazer. A não ser baixar. E baixar, pra mim e pro mundo, é uma alternativa. Duas das minhas séries preferidas já saíram da TV faz tempo, e não saíram em DVD, ou saíram parcialmente. E as que estão nas prateleiras custam uma fortuna que nem todo mundo pode pagar. Se vivem cobrando de quem baixa, por que os preços continuam no alto?

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