quarta-feira, 27 de outubro de 2010

And from your lips she drew the Hallelujah

Não costumo falar de música, até porque não sou nenhum perito nesse quesito. Gosto, claro, de ouvir, de apreciar. Aliás, é muito fácil eu gostar de qualquer tipo de música. Adoro Restart. Com exceções, é claro.

Mas hoje eu vou falar de uma música específica: Hallelujah. Uma obra-prima, composta por Leonard Cohen, em 1984. Ele demorou um ano pra escrever a letra.

Sei lá quando foi a primeira vez que eu escutei, mas foi no fim do ano passado ou no início desse ano, quando acabava de assistir mais um episódio de "Without a Trace", que ela me chamou a atenção. E, pelo que eu vi, ela não foi exclusividade só dessa série, porque vive aparecendo em várias outras por aí. Bom, terminei de assistir e fui procurar o nome da música. Achei. Mas não cheguei a escutar muitas vezes.

Lembrei dela na semana passada, sem nenhum motivo aparente. Entrei no Youtube, fui ouvir todas as versões que eu encontrava por lá. E coloco aqui as minhas cinco preferidas, das dez que ouvi, na minha ordem crescente de preferência.

5. Myles Kennedy: Não fui eu que encontrei essa versão. Foi o meu amigo Victor, que, ele sim, entende bem mais de música do que eu.


4. Leonard Cohen: Sim, o cara pode ter sido brilhante ao compor a música, mas, nesse caso, não acho que a original seja a melhor versão.


3. Espen Lind, Askil Holm, Alejandro Fuentes e Kurt Nilsen: Versão interessante, com três cantores noruegueses e um chileno (o Alejandro Fuentes, que participou do Idol Norway). O Kurt Nilsen, (também só fui prestar atenção depois que o Victor me avisou) que ganhou o reality, tem uma voz impressionante. Ele é o de dentes separados, o mesmo da imagem prévia do vídeo.


2. Rufus Wainwright: É a versão que toca no Shrek. Um pouco mais rápida, mas muito bonita.


1. Jeff Buckley: Sem maiores comentários, essa é, simplesmente, a que eu mais gosto, e a que eu ouvi em "Without a Trace".


Só ressaltando: não vi nenhuma versão ruim. Apenas considerei essas as melhores. Poderiam ter aparecido aqui o Bon Jovi, a KD Lang, o John Cale, a Alexandra Burke e a Sandy. Sim, a Sandy. Talvez colocasse ela no meu top 5 se ela cantasse sozinha, mas a Nerina Pallot, que estava ótima apenas tocando piano, meio que estraga a música, a meu ver.

E essa é a letra da música:

I've heard there was a secret chord
that David played and it pleased the lord
but you don't really care for music do you?
Well it goes like this the fourth, the fifth
the minor fall and the major lift
the baffled king composing hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well your faith was strong but you needed proof
you saw her bathing on the roof
her beauty and the moonlight overthrew you
she tied you to her kitchen chair
she broke your throne and she cut your hair
and from your lips she drew the hallelujah.

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Baby I've been here before
I've seen this room and I've walked this floor
You know, I used to live alone before I knew you
And I've seen your flag on the marble arch
and love is not a victory march
it's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well there was a time when you let me know
what's really going on below
but now you never show that to me do you?
but remember when I moved in you
and the holy dove was moving too
and every breath we drew was hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well maybe there's a God above
but all I've ever learned from love
was how to shoot someone who outdrew you
And it's not a cry that you hear at night
it's not somebody who've seen the light
it's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah
Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah
Hallelujah

Agora tente não cantar no banheiro.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Flashback


O cenário é Taubaté, mais especificamente a Escola São Luís. A data, uma manhã de segunda-feira qualquer entre 2002 e 2005. Aula de História. A professora abria o livro no ponto onde tínhamos parado na aula anterior, e os próprios alunos liam, ao seu comando, cada parágrafo do capítulo, em ordem de fileiras ou pela escolha de cada um deles. A cada divisão do capítulo, ela parava a leitura, levantava-se e explicava algumas coisas sobre a matéria. A voz dela era leve, suave, lembro bem até hoje. Raramente levantava o tom, mas tinha lá seus momentos de impaciência. Afinal, convenhamos, alunos são alunos em qualquer lugar.

A história é essa. Simplesmente uma professora do "ginásio", de quem eu gostava, tinha seus métodos de ensinar e fazia provas de uma maneira que favorecia a quem estudasse. Corretíssimo.

Em 2005, me formei na 8ª série. Minha escola não tinha o Ensino Médio, então todos nós tivemos que nos mudar para outras. Cada um foi para um lugar diferente, e eu fiquei separado das pessoas de quem eu era mais próximo. A maioria delas foi para a mesma escola, inclusive. Num dia de 2006, fui visitá-los, depois da aula. E, num lugar ao lado da escola, que não faço ideia do que seja, um carro chegava, mas parou. O vidro do carona se abaixou, e, ao volante, lá estava a nossa professora de História. Ela sorriu ao ver seus ex-alunos, falou que estava sentindo nossa falta. E, bom, isso já faz mais de quatro anos. Foi uma das últimas vezes que eu a vi, ou pelo menos a que ficou na minha memória.

O cenário é, de novo, Taubaté. A data é ontem. Como quase sempre, aos domingos, minha mãe veio me acordar já durante a tarde. E me perguntando se a Viviane no meu Orkut era a diretora da Escola São Luís, onde eu tinha estudado até a 8ª série. Sim, provavelmente. Se a Zélia era minha professora de História. Sim, era. Ela tinha falecido. Não senti nada, a não ser um pouco de saudades daquela época. De como tudo era mais simples. Da biblioteca. Da minha primeira professora de História.

Bom, eu levantei e fui ver o recado que a Viviane tinha me deixado. Era verdade, o enterro seria em poucas horas. Depois soube que a causa da morte tinha sido diabete.

Tudo isso me entristeceu, claro. Fiquei chocado, ela era bem nova ainda. Eu gostava muito dela. Mas o tempo fez com que eu não sentisse tanto o que aconteceu ontem. E comecei a pensar: por que isso aconteceu comigo? Será que é melhor estarmos afastados daqueles que nós gostamos na hora da morte? Não estou sugerindo que alguém tente fazer isso. Mas digo isso porque, em 2007, perdi um professor de Biologia, e eu o via todas as quintas-feiras. Ali sim eu senti a perda, me abati. Ele era legal, mas eu não tive nem dois meses de aula com ele. Nem tive tempo pra gostar tanto dele quanto da Zélia. E, sim, essa é mais uma reflexão sobre o tempo... e como ele é estranho.

Quanto à Zélia, eu vou continuar, como nos últimos 4 anos, gostando muito dela. A diferença é que antes eu poderia esperar algum encontro casual no supermercado, e agora não mais. É duro dizer isso, mas acho que a vida é assim.

E, bom, pra mim não importa o quanto eu fucei por aí (sempre faço isso), mas descobri que a mãe dela disse o seguinte, no enterro, para uma aluna da Zélia: "Ela não teve filhos porque dizia que vocês eram os filhos dela." E tem como não ficar feliz em saber disso? Se ela pudesse me ouvir, ou ler, gostaria que soubesse que eu sinto orgulho de ser "filho" dela. Da minha primeira professora de História.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Criticando o "sistema"

Qualquer coisa que eu falar sobre "Tropa de Elite 2" vai parecer insuficiente pra mim. Primeiro porque esqueço muito fácil de detalhes, e depois porque acredito ter visto, enfim, um grande filme brasileiro que merece ser prestigiado nos cinemas. Não é à toa que as filas permanecem enormes há mais de uma semana.


A história não começa pelo começo, e sim pelo fim. Nascimento, agora não mais Capitão, sai com seu carro de um hospital e é surpreendido por uma emboscada. A cena é paralisada, e Wagner Moura, aí sim, começa a narrar com competência o que aconteceu desde que Mathias deu fim ao Baiano, na cena final do primeiro filme. É ele o responsável por criticar o "sistema", principal alvo do filme. E Wagner Moura, um dos melhores atores brasileiros na atualidade, dispensa comentários.

Nascimento saiu do comando do Bope após uma rebelião em Bangu, comandada por um preso vivido por Seu Jorge, e terminou como subsecretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Nessa nova posição, ele ajuda o Bope a crescer ainda mais, agredindo o tráfico de drogas. Mas, ao mesmo tempo, ele não percebe que alimenta um outro inimigo (e, sim, daí surge o subtítulo do filme: "O inimigo agora é outro"): os corruptos. A corja é grande e envolve tanto policiais quanto políticos.


Mathias, muito bem interpretado por André Ramiro, permanece no Batalhão, e percebe antes de Nascimento o que realmente acontece debaixo de seu nariz: as "milícias" abusam da corrupção nas favelas cariocas e servem como cabos eleitorais, porque ajudam a combater o tráfico e ganham, dessa forma, a aprovação do governo e os votos populares nas eleições seguintes. É aqui que aparecem o governador, o deputado Guaracy, o Major Rocha (Sandro Rocha) e o deputado Fortunato (André Mattos). Vale elogiar a atuação dos dois últimos, brilhantes em seus papéis.


Não vou além na história porque prefiro que cada um assista e interprete da sua forma. O deputado Fraga, por exemplo, é um personagem polêmico. Na minha opinião, ele muda muito ao longo do filme. No início, ele não é tratado como o "herói" do fim. Mas imagino que muita gente compre a lembrança mais fresca e concorde com suas atitudes. E, pra mim, aqui está o melhor ator do filme: Irandhir Santos.

Se a atmosfera do filme é pesada, Milhem Cortaz é responsável por atenuá-la, voltando como o engraçado Tenente Fábio, um verdadeiro gerador de bordões. Faz a alegria dos pré-adolescentes mentais que amam s2s2 Tropa de Elite e aguardavam ansiosamente por novas frases para repetirem sem parar. E já que eu estou avaliando atuações, ele é mais um que foi bem.


Além de todos que já citei, há ainda a muito boa atriz atuação da atriz Tainá Müller (que a reforma ortográfica não atacou), que interpreta uma jornalista muito corajosa - até demais. Um elenco não tão conhecido, mas, no fim das contas, muito bem escolhido por José Padilha, que acertou a mão mais uma vez, pra mim até mais do que no primeiro filme.

De negativo, pra mim, fica o excesso de palavrões. Todo mundo já cansou de saber que filme brasileiro tem palavrão pra caralho, porra. Nem me importo com isso, falo palavrão pra cacete, mas não precisa exagerar nessa merda. "Porra" não é ponto final.

Enfim, "Tropa de Elite 2" é, sim, uma prova da evolução do cinema nacional, em todos os aspectos. Se você não viu ainda, vá entrar na fila.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A infância nos anos 90

Éramos felizes e não sabíamos. Conforme a gente vai crescendo, junta tanta coisa pra fazer, tanto trabalho, tantas responsabilidades novas, que bate uma saudade do tempo em que nossa maior preocupação era passar de ano. Quando ela existia.

Eu cresci na década de 90. E a grande maioria das pessoas que eu conheço também viveu sua infância na mesma época, ou pelo menos lembra das mesmas coisas. Que coisas são essas? Você se lembra? Se não, eu vou tentar ajudar um pouco. Se sim, não tem problema, eu garanto que a nostalgia de ver de novo uma parte de tudo aquilo que você não vê há mais de 10 anos é muito boa.


Com a ajuda da comunidade "100 coisas da década de 90" e do blog "Você se lembra?", reuni nesse post as minhas principais lembranças dessa década tão animada. Deixando claro que podem ter coisas de antes de 1990 e depois de 2000, o que não impede que elas tenham marcado a infância dessa geração.

Power Rangers têm a força
TELEVISÃO

Pra começar, todo mundo assistia TV, ou ao menos se recorda do que passou por lá na década de 90. Eu, particularmente, não me lembro muito bem da TV Colosso, dos Cavaleiros do Zodíaco, dos Power Rangers, do Doug e das Tartarugas Ninja, mas sei que todos esses fizeram sucesso.

Como Cartoon Network era o meu paraíso da diversão na televisão, nada mais justo que citar os clássicos Pokémon, A Vaca e o Frango, Dragon Ball e O Laboratório de Dexter.


E quem não se lembra do Programa Livre, do Fantasia, do Passa ou Repassa, das Chiquititas, do Sai de Baixo, do Hugo, do Castelo Rá-TIm-Bum e do Cruj? E não dá pra não falar do Chaves e do Chapolin, que estão aí até hoje.


FILMES

Hakuna Matata!
Levanta a mão aí quem já assistiu O Rei Leão mais de 19 vezes. Outros filmes da Disney também foram hits da década passada. Por exemplo: Hércules, Vida de Inseto, Tarzan e Toy Story, que teve a emocionante última sequência lançada há cerca de três meses.
O Menino Maluquinho, sucesso no cinema nacional, também me conquistou. Assim como O Máskara e outros dois que batem cartão na Sessão da Tarde: Meu Primeiro Amor e Esqueceram de Mim.


MÚSICA


Nessa época, em que ainda não existiam MP3's e Ipod's, o que tinha de mais moderno era o Discman, sucessor do Walkman (que também apareceu bastante). E o que as crianças escutavam? Sim, momento vergonha. Ou nem tanto assim, afinal todo mundo escutava, por exemplo, É o Tchan. Ninguém sabia o que significavam as letras, o importante é que todo mundo dançava na boquinha da garrafa e passava por debaixo da cordinha. Também era legal cantar as besteiras dos Mamonas Assassinas, mas não fica bem compará-los com a galera do Compadre Washington. As músicas daquele único CD deles ficaram guardadas pra sempre, até por quem não sabia o que estava cantando.

Como crianças, nosso papel era escutar Eliana e aprender a comer o lanchinho pra ficar fortinho e crescer. Não que ninguém escutasse Backstreet Boys, claro. Eu não gostava, mas era bem popular, principalmente com as meninas, que também curtiam um N'Sync pesado, os Hanson e as Spice Girls.


E, é óbvio, tenho que lembrar aqui do supra-sumo musical dos anos 90 no Brasil: Sandy & Junior. Desde os primeiros sucessos, como aquele da Maria Chiquinha que foi dar pra outro no mato e tentou fazer o Genaro de idiota, até a tentativa de carreira internacional que não deu muito certo, as crianças foram as grandes responsáveis pelo êxito da dupla. E até hoje, todo mundo sabe que se a lenda dessa paixão faz sorrir ou faz chorar, o coração é quem sabe.

BRINCADEIRAS

Esconde-esconde, Pega-pega, Bandeirinha, Polícia e ladrão, Queimada, Taco, patinete, skate... uma das coisas que mais dão saudade da infância são as brincadeiras de rua. Elefantinho colorido... "que coooor?"

Tem também Gato mia, a brincadeira que sempre terminava com alguém chorando e um adulto xingando a galera dizendo que "não dá certo, sempre sai alguém machucado". E as mais tranquilas Passa Anel e Telefone Sem Fio.

BRINQUEDOS E ELETRÔNICOS


Saudades do Super Trunfo e do Pega Varetas... e mais ainda dos Tazos que vinham nos salgadinhos, e de cuidar do meu Tamagotchi. De montar castelos de Lego e gravar qualquer porcaria no Meu Primeiro Gradiente. E poucas coisas eram tão legais quanto ficar respondendo perguntas dos livros do Pense Bem.

Esses brinquedos perderam espaço, aos poucos, para o Game Boy e para os video games: Mega Drive, Super Nintendo, Nintendo 64 e Playstation arrebataram a galerinha da pesada. Quem não se lembra do Flicky, do Sonic e do Mario?

DE COMER

Aposto um Frutilly que você adorava os Chicletes Mini, o chocolate Surpresa, os guarda-chuvas de chocolate, e puxava o Push Pop. Ah, e com certeza você não pagava uma fortuna no Kinder Ovo, a embalagem ainda era laranja e as surpresinhas eram mais legais.

PROPAGANDAS

Tá, eram muitas as propagandas legais. Mas vou colocar duas que tenho certeza que vocês vão se lembrar.


OUTROS

Livros da Coleção Vaga-lume, principalmente os do Marcos Rey, marcaram época. Os do Pedro Bandeira também, pelo que dizem, mas eu só li O Fantástico Mistério de Feiurinha.

Os gibis da Turma da Mônica fizeram muito sucesso, também, com essa geração.

Os computadores geralmente tinham Windows 95, a gente usava disquete, e a internet era à lenha. Mas era divertido demais. E o ICQ, que eu lembro o meu número até hoje? Também surgiu na década passada.

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É isso. Espero que tenha servido para todo mundo matar um pouco das saudades.